Wednesday, September 22, 2010

Mau gosto

“Mau gosto, ao que parece, pode salvar sua vida indumentária”.
by Kawakubo –

Bom gosto, é a faculdade de distinguir entre o agradável e o desagradável. A ideia é conseguir organizar e mostrar o que dá a impressão de agradável e suprimir o que nos parece desagradável.
Na minha opinião, alguém esta bem vestido, quando cada detalhe foi considerado e sua aparência geral é harmoniosa. Acima de tudo, questionando a noção de "gosto", tudo depende de quem está a usar.
O gosto próprio, independentemente de bom ou mau, é o mais importante.
Quebrar as regras convencionais de estar bem vestido é extremamente libertador. Só tem de o saber fazer de forma inteligente gerindo uma dose de auto-consciência mais um tanto de humor subtil. Conseguir faze-lo de uma forma positiva, não é ser exibicionista.

Algumas das peças de vestuário mais influentes, foram as que tiveram a capacidade de brincar com noções de gosto! Foi assim que se tornaram marcantes e neste seguimento de ideias que foram criados estilos ou mesmo tendências. Embora a existência do bom gosto, a vulgaridade é um ingrediente muito importante.
Coco Chanel raramente usava as famosas pérolas oferecidas pelo seu amante, o grão-duque Dmitri, preferindo tê-las copiado e, em seguida, usar as imitações; "bom gosto", disse ela, "arruína certamente o nosso valor, a nossa individualidade…como o gosto próprio por exemplo”.
Mary Quant criava suas roupas, aos poucos, decidiu vender as peças também, pois achava a moda "terrivelmente feia". Anos depois criou um diminuto pedaço de pano que mudou o guarda-roupa feminino: a minisaia.
A sua moda barata e jovem, foi inicialmente um grande sucesso quando decidiu criar as peças que vendia. A sensibilidade fê-la perceber que o mundo vivia uma época muito especial, de contestação dos valores até então estabelecidos, e isso valia também para a moda. Os jovens, que começavam a encaixar no movimento hippie, queriam roupas diferentes, provocantes, abusadas. Estava em marcha uma mudança completa e complexa nos domínios sexualidade, com o surgimento da pílula anticoncepcional, que alterava radicalmente a relação entre homens e mulheres.
Mary Quant somou todos esses ingredientes e colocou nas vitrinas da sua loja roupas com um novo estilo, divertido, descontraído, no qual a palavra de ordem era Liberdade. O sucesso acabou por ser arrasador.

Há algo de majestoso e encantador sobre um pouco de mau gosto, arte de combinar o improvável, desafiar ideias...

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